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Discurso proferido por ocasião da Outorga do Título de Sócio Benemérito do IASC ao Dr. Glauco José Côrte

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Cumprimento todas as autoridades já nominadas pelo cerimonial, integrantes da mesa e todo o público aqui presente.

 

Caríssimo Homenageado, Dr. Glauco José Côrte,

Deus foi muito pródigo com o ilustre homenageado desta noite, Dr. Glauco José Côrte, mas, não esqueceu deste modesto colega, ao conceder a honra e o prazer de saudá-lo, neste evento tão significativo e tão relevante das nossas vidas.

 

Afinal, nos conhecemos desde os idos de 1960, quando prestamos vestibular, na esquina das Ruas Esteves Júnior com Vidal Ramos, temerosos da reprovação, andávamos pelas ruas, solitários, declamando “Quo usque tandem abutere Catilina patientia nostra?” a famosa Catilinária, que somente o querido colega Dr. Pedro Paloski, que veio do longínquo Cerro do Bugio, conseguiu decorá-la e declamá-la do início ao fim.

 

Ao Saudar o Dr. Glauco, estou saudando o eterno e brilhante orador da primeira turma de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, do ano de 1965, a maior, até então, composta de 85 formandos. Orador eleito, em caráter vitalício, pois, no final deste ano pronunciará o 54º discurso, sempre emocionante, e, com ótimos ensinamentos e aprendizado a todos.

 

O homenageado, na vertiginosa carreira, sempre brilhante e vitoriosa, subiu à tribuna milhares de vezes, deixando este modesto advogado trabalhista, em desigualdade de condições, pois o advogado laboralista, treinou na conversa de pé de ouvido, na busca da conciliação entre os homens, entre capital e trabalho, entre patrão e empregado, jamais foi, é ou será, um grande tribuno como ilustre homenageado.

 

Mas, para saudar esta figura inigualável da sociedade catarinense e brasileira, fomos à luta, pois esta, só aos fracos abate.

 

Assim, como alertou a pequena paquistanesa Malala, detentora do Prêmio Nobel da Paz. “Si tienes miedo, no puedez avanzar”.

 

Na escolha do orador procuramos o mais humilde, o mais modesto, o mais simples, sóbrio, sensato e ponderado, pois, a arrogância e a vaidade já habitavam os dicionários da época.

 

Atendemos Confúcio: “a humildade é a única base sólida de todas as virtudes.”

 

Obedecemos São Tomás de Aquino: “a humildade é o primeiro degrau para a sabedoria.”

 

Ouvimos José Saramago: “A vida é uma aprendizagem diária. Quanto mais simples, melhor”.

 

Todos apontaram para Glauco José Côrte, filho do Professor José Côrte, nascido no norte de Santa Catarina, passando por Brusque e chegando a Florianópolis.

 

Quem deixaria de votar nesta criatura sacerdotal, que tornou-se o Dr. Educação, o missionário do bem e da paz entre os homens, bandeiras que carregou pela senda da vida, repleta de sucessos, conquistas e vitórias.

 

O belo discurso de 08.12.1965 é repetido todos os anos, nos aniversários daquele primeiro e grande evento, sempre pregando os mesmos ideais de amor, harmonia e paz, entre os homens.

 

Protótipo e paradigma para todos nós, elegeu a educação como indispensável ao bom desempenho dos trabalhadores.

 

Glauco, sempre acompanhado desta extraordinária mulher, Senhora Silvia, conselheira, esposa, companheira, a mais de meio século. Arauta, pregoeira dos mesmos ideais já apontados, além de intenso trabalho assistencial e beneficiente, que abraçou como religião ao longo dos anos. Tanto para Glauco como para Silvia, o humanismo é a razão de viver e o grande campeão da Copa da Tailândia.

 

Confundo os ideais de Mandela com os ideais do Dr. Glauco. Equiparo os sonhos da paquistanesa Malala, com os mesmos sonhos do Dr. Glauco. A Jovem educação, Prêmio Nobel da Paz, ao Senhor Educação, merecedor dos maiores encômios.

 

Confundo Glauco com o Papa Francisco, ambos pregoeiros dos mesmos ideais de fraternidade entre os homens. Tanto Dr. Glauco, como o Papa Francisco atendem Charles Chaplin: “o valor de um homem se mede pelo seu caráter, pelas suas ideias, pela nobreza dos seus ideais.”

 

Ambos obedecem ao filósofo francês Augusto Comte: “O amor por princípio e a ordem por base. O progresso por fim.”

 

Sabemos que, Mandela, Malala, Papa Francisco, José Saramago, Confúcio, São Tomás de Aquino e tantos outros inspiradores estão preocupados com o ódio, a intolerância, a disputa entre os homens. A arrogância, ausência de humildade que dominou a sociedade em conflito, em psicose coletiva, que se abateu sobre os homens.

 

Primavera em Casablanca, nos revela uma sociedade que se despedaça por intermédio dos seus habitantes, que são figuras desencontradas, em um mundo dominado pelo ódio e pela intolerância (Palavras de Ruy Samuel Espíndola).

 

Triste realidade, quando vejo alguns homens, com uma média de 30 anos, no exercício da conciliação, incapazes de darem as mãos, na busca titânica e hercúlea  da paz e da concórdia, que é a felicidade plena, escopo precípuo da humanidade, não importe a origem, a cor, a religião, aposição conquistada, o gênero, a opção política ou o modo de pensar e de opinar (para alguns o que vale é  guerrear, demonstrando almas em conflito e descontroladas).

 

Para mim, frustação, desencanto e desalento, após 54 anos de treinamento intensivo na busca do convívio pacífico e respeitoso entre os homens. Agora, vejo, rejeição, intolerância, até ódio, sem qualquer preocupação ou temor, com a repercussão, tão negativa, nefasta e desagradável das instituições envolvidas, fadadas ao fracasso perante a história, pelo autoflagelo, auto suplício, verdadeiros auto predadores.

 

Lembro alguns lamentáveis episódios ocorridos recentemente:

 

  1. a) O Presidente dos Estados Unidos, paletó aberto no peito, às pressas, às cotoveladas, deixar para trás, a formal, elegante, frágil e quase centenária rainha da Inglaterra, para desfilar toda a sua soberba, a vaidade, a arrogância, pisoteando nos resquícios mínimos de civilidade que se impõe;

 

  1. b) O Presidente da Rússia, com uma dúzia de guarda-chuvas a protegê-lo da tormenta, deixar a queridíssima Presidente da Croácia ao relento, ao desabrigo, debaixo de uma chuva torrencial (Kolinda Grabar Kitarovic).

 

  1. c) Até na caverna da Tailândia surge um empresário, poderoso na matéria, mas paupérrimo em espírito a chamar o treinador dos meninos de pedófilo, ao ver recusada a sua oferta de ajuda quando pretendia colocar uma grande embarcação, quase um navio, onde sequer cabia um ser humano, na horizontal.

 

  1. d) A separação das criancinhas dos seus pais, nos Estados Unidos, que provocou comoção internacional, pela crueldade praticada. Para alguns só importa a guerra, o ódio, a intolerância, a afronta, a agressão, a soberba.

 

  1. e) O nosso Ministro da Segurança, Raul Junckmann, comparou a guerra civil do Rio de Janeiro, a uma metástase coletiva, afrontando os portadores dessa enfermidade tão cruel. Frustrado nas suas atividades, com derrotas diárias e nós aqui recuperados e sadios, como alguns queridos amigos e amigas aqui presentes, incluindo este que vos fala e milhares de catarinenses e brasileiros, que venceram essa guerra particular, enquanto este ministro, com todo exército, a marinha, a aeronáutica, nada consegue de positivo no seu mister.

 

Urge que se crie o movimento pela CIVILIDADE, que, em conjunto com a Presidente da Croácia, o Papa Francisco, Mandela, Malala, os mergulhadores da caverna da Tailândia, os heróis das minas chilenas, Confúcio, São Tomás de Aquino, José Saramago, Martin Luther King, o homenageado, Glauco José Côrte, a Senhora Silvia e a toda família Côrte (José, Ivo, Pedro Paulo, Sidney, Jair, Ivana e os demais familiares) possamos atingir um grau mínimo de civilização. Muitos não distinguem cultura e educação ou vice-versa. Para estes, criaríamos o título de civilidade, de mais fácil entendimento, para compreenderem que sucesso, poder, riqueza, não é sinônimo de civilidade, muito menos de educação.

 

No movimento acima, incluiria a minha Santa Paulina, que tanto marca a minha vida, tanto me ajuda e tanto me protege, com a somatória de cultura, educação e civilidade. Nesse sentido poderíamos fazer a tão premente, necessária e inadiável revolução dos hábitos, usos e costumes, que contaminam os Poderes da República, em todos os quadrantes e que afetou a sociedade, já embrutecida.

 

Devemos obediência à Calamandrei: “certas categorias não podem errar, para que os crentes não percam a fé”.

 

Todos perderão e sairão derrotados nesse confronto infantil, pueril, inútil, desnecessário, onde o âmago da questão é a vaidade, a arrogância, a sede do poder e de ser dono da verdade absoluta.

 

A sociedade, os clientes, os jurisdicionados, perderão a fé. Somente sobrará a brutalidade destas almas desesperadas, em atrito e em guerra e com muito ódio.

 

 “Não estamos alegres, é certo, mas porque razão haveríamos de ficar tristes? O mar da história é agitado. As ameaças e as guerras haveremos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as como uma quilha corta as ondas”. Palavras de Maiakoski.

 

Cabe aqui mencionar as lindas palavras da poetisa Karine Piñera: “E se hoje encontrarmos aquela chama esquecida há tanto tempo, ainda que se apague com o nosso pranto, é possível que se inflame com o nosso olhar, com o nosso amor.”

 

Mas, muito embora todos esses acontecimentos nos entristeçam, hoje, estamos alegres em homenagear este ilustre colega que tanto nos orgulha, valorizando sobremaneira o nosso Instituto dos Advogados de Santa Catarina – IASC, como valorizou o nosso Estado e o nosso país com o seu curriculum, sobejamente conhecido, dos mais completos e dos mais gloriosos.

 

Valorizei o alicerce que sustentou o grande edifício que é o sucesso alcançado, fruto dos princípios que o homenageado abraçou e que produziram esta farta colheita ao longo da vida exemplar, de todos sobejamente conhecida e aplaudida.

 

Finalizo, esclarecendo que, somente enalteci algumas das dezenas de virtudes do homenageado e familiares, porque sem elas, não teria chegado onde chegou e por certo, não estaria aqui hoje recebendo esta justa homenagem.

 

Muito obrigado!

Sidney Guido Carlin

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